Conjunto Atempo abre 28º Festival com repertório medieval e combinação inédita no Brasil de instrumentos de época
Publicado em 18 de julho de 2017
A sonoridade medieval vai ecoar pelo Cine-Theatro Central e transportar o público para paisagens europeias e tempos distantes durante a abertura do 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, no próximo dia 23 de julho. No palco, o conjunto Atempo, especializado em repertório medieval, vai apresentar o programa Cantilena Instrumental, com peças originalmente instrumentais e vocais de Espanha, França e Itália de fins do século XII ao século XV.
O programa foi pensado a partir de uma constatação de um músico e teórico do século XIII, Jean de Grouchy, para quem toda melodia de canto ou cantilena, portanto uma peça vocal, era passível de ser tocada na viela de arco e, consequentemente, em vários instrumentos da época. Assim, o grupo elegeu obras de compositores importantes do fim da Idade Média, como Machaut e Landini, cujas músicas ganharam versões instrumentais no fim da Idade Média. A apresentação terá ainda peças a três vozes que foram baseadas em uma composição instrumental ou ainda uma dança arranjada instrumentalmente pelo grupo.
“Esse programa foi um incentivo para criarmos nossos próprios contrapontos quando julgamos conveniente. Assim, adicionamos vozes em algumas músicas, de acordo com o estilo de cada período da Idade Média, ou ainda transcrevemos outras músicas a partir do fac-símile”, informa Pedro Novaes, diretor e instrumentista do Atempo, que revela ainda uma novidade que o público do Festival vai poder conferir com exclusividade: a combinação de dois órgãos de tubos portáteis medievais (conhecidos como órgãos portativos) – um soprano e o outro tenor. Segundo ele, a união desses instrumentos com o clavicymbalum medieval resulta em uma combinação inédita no Brasil.
O clavicymbalum é o precursor direto do cravo e, segundo Pedro Novaes, está sendo redescoberto pelos conjuntos de música medieval e pelos construtores de instrumentos de época. “O exemplar que vamos tocar, cedido para essa apresentação, é o primeiro feito no Brasil a partir de uma planta datada do século XV. Esta foi uma iniciativa de Dom Félix Ferrà, que também participa do programa. Coube a César Guidini, construtor de cravos de Americana (SP), levar a cabo o projeto de construção do instrumento.”