Valencianas reúne Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto para comemoração dos 90 anos do Central em Noite de Gala

Publicado em 22 de março de 2019

Uma data muito especial merece ser celebrada com uma programação igualmente distinta: o consagrado espetáculo Valencianas, que reúne o compositor e cantor pernambucano Alceu Valença e a conceituada Orquestra Ouro Preto, terá apresentação inédita em Juiz de Fora no próximo dia 30 de março, sábado, em Noite de Gala que comemora os 90 anos do Cine-Theatro Central. O evento promovido pela Pró-reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e patrocinado pela Unimed terá convites sorteados para a comunidade acadêmica da instituição e para a comunidade externa, que devem se cadastrar para o sorteio.

Com arranjos do violinista e compositor paraibano Mateus Freire, Valencianas é uma releitura sinfônica da obra de Alceu Valença que promove um diálogo entre o erudito e o popular, respeitando a mescla de tradicionais ritmos nordestinos, como mandacaru, frevo e coco, com a modernidade do pop que caracteriza a música de Alceu. O resultado não poderia ser mais saboroso e emocionante. Quem conhece o CD dessa parceria ou já teve a oportunidade de ver a Orquestra no Central interpretando composições dos Beatles sabe o que pode esperar de mais esse encontro singular.

“De certa forma, o Cine-Theatro Central faz parte da história da Orquestra Ouro Preto. Por diversas vezes, tivemos o prazer de nos apresentar nesse belíssimo teatro, um dos mais importantes do país. É com muita alegria e honra que faremos parte da comemoração dos 90 anos deste patrimônio de todos nós, brasileiros”, afirma o diretor artístico e regente titular Rodrigo Toffolo.

A Orquestra Ouro Preto abre o repertório do concerto com a suíte Valenciana, composição de Mateus Freire que tece uma primorosa rede de trechos da obra do cantor pernambucano. Em seguida a essa introdução, Alceu surge no palco com o violão para revisitar seu repertório ao lado da sinfônica, incluindo hits como Sino de Ouro, Cavalo de Pau, Tropicana, Belle de Jour, Coração Bobo e Anunciação, entre outras composições. Um bloco da apresentação é dedicado exclusivamente ao instrumental da Orquestra, que ressalta todo o lirismo de Alceu e sua riqueza rítmica na interpretação dos sucessos Estação da Luz, Porto da Saudade e Acende a Luz. A viagem pelo repertório valenciano prossegue com o compositor de volta ao palco para a parte final do concerto.

Comemorar os 90 anos do cine-teatro com um concerto remete à própria noite de inauguração do Central, em 1929, quando uma orquestra se apresentou para uma plateia seleta composta por autoridades e pessoas da sociedade. Orquestras são frequentes na programação cultural do Central, principalmente por ocasião dos festivais de música colonial e antiga, e encontram no cine-teatro um espaço adequado a esse tipo de formação musical. Na opinião de Rodrigo Toffolo, o Central, além de imponente e confortável, se destaca pela acústica de “qualidade notável”, que a Orquestra Ouro Preto teve a oportunidade de comprovar em outros dois concertos: Latinidade e Oito Estações: Vivaldi e Piazzolla.

 

Parceria afinada

Foto: Íris Zanetti

O projeto de Valencianas surgiu em 2012, com o objetivo de homenagear a carreira de Alceu Valença, que então comemorava 40 anos de trajetória, e promover o diálogo entre os universos erudito e popular, “algo que se encontra no DNA da Orquestra Ouro Preto” e está em sintonia com seu experimentalismo. Depois de sete anos, essa parceria está mais afinada do que nunca: “A genialidade de Alceu impressiona, e este diálogo que menciono se dá de forma respeitosa entre os dois universos musicais, mas sempre buscando o prazer de se fazer música”, ressalta o maestro.

Valencianas resultou em um CD gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, premiado na categoria Melhor Álbum de MPB do Prêmio da Música Brasileira de 2015. Valencianas começou a ser preparado em 2010, quando o maestro e o compositor foram apresentados, em Ouro Preto, por um amigo em comum que se tornaria o produtor do espetáculo, Paulo Rogério Lage, que já planejava proporcionar contornos orquestrais ao cancioneiro de Alceu.

Mais que propor o diálogo entre a música erudita e a canção popular, Valencianas procura demonstrar a universalidade artística de Alceu e a diversidade de sua obra. “O desafio é respeitar aquilo que torna a obra de Alceu Valença única. O espetáculo é grandioso e busca evidenciar a maestria do cantor e a nordestinidade inerente à sua obra, capítulo fundamental na história da música de nosso país, que contribuiu, inclusive, para a ideia de música popular brasileira que temos hoje”, afirma Rodrigo Toffolo.

Alceu Valença também celebra o encontro com a Orquestra. “Num mundo dominado pela indústria do entretenimento, onde tudo é dinheiro e há pouco sentimento, a música de concerto é uma forma de transcendência. Este projeto representa uma nova vertente na minha carreira”, celebra o homenageado.

Para Rodrigo Toffolo, o público juiz-forano pode esperar um “concerto inesquecível, que evidencia a genialidade de Alceu, a força de sua música e de sua poesia, e a excelência e versatilidade da Orquestra Ouro Preto”.

A Orquestra

Uma das mais prestigiadas formações orquestrais do país, a Orquestra Ouro Preto é um grupo jovem e já premiado, que vem se apresentando nas principais salas de concerto do Brasil e do mundo. A orquestra foi criada em 2000 e seu trabalho é marcado pelo experimentalismo e ineditismo.

Rodrigo Toffolo é doutorando em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Musicologia pelo Departamento de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Toffolo é membro fundador e diretor artístico da Orquestra Ouro Preto e assumiu em 2007 a regência titular do grupo.

Foto: Cine–Theatro Central/Alexandre Dornelas

O Teatro

O Cine-Theatro Central pertence à UFJF desde 1994, quando Itamar Franco, ao assumir a Presidência da República, repassou pelo Ministério da Educação – na época aos cuidados de Murílio de Avellar Hingel, formado em Filosofia e Letras pela UFJF, ex-secretário de Educação e Cultura de Juiz de Fora e diretor-fundador da Faculdade de Educação – recursos para a compra do imóvel pela universidade.

Naquele mesmo ano, o cine-teatro, já tombado pelo município desde a década de 1980, foi contemplado pelo tombamento em âmbito federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A partir deste momento teve início o trâmite para uma grande reforma e restauração do teatro que, na época, se encontrava muito deteriorado.

Reformas e diversos restauros de manutenção também foram feitos no decorrer dos anos, como por exemplo, em 2009/2010, quando foram revistos sistema elétrico, iluminação, sonorização e cenotécnica, e, posteriormente, em 2014, ano em que se restauraram janelas, ornamentos e ladrilhos, e em que foram realizados tratamento e recomposição de pinturas, além da impermeabilização do terraço e das marquises.

Este ano, o Central está recebendo obras de adaptação e ajustes de segurança, com instalação de corrimãos nas escadas laterais de acesso ao segundo e terceiro andares e estruturas de ferro para proteção do guarda-corpo nesses andares superiores.

“Concluímos a maior parte dessas obras a tempo da realização das comemorações dos 90 anos do Cine-Theatro Central, e estamos muito felizes de poder celebrar essa data especial com um espetáculo do nível de Valencianas, além da edição especial do nosso projeto Palco Central em uma parceria com a Feira de Discos [evento que acontece domingo, dia 31]”, ressalta o diretor Luiz Cláudio Ribeiro (Cacáudio).

Para a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria, o aniversário do Central é uma oportunidade de exaltar um espaço que, antes de pertencer à UFJF, tem uma relação antiga e especial com Juiz de Fora e os juiz-foranos, que nele identificam “um símbolo da força e da expressão da cultura local, além de ser o palco natural das melhores produções artístico-culturais do circuito nacional que chegam à cidade”.

A retomada da agenda do Central em 2019 será em abril, quando começam a ser apresentados os espetáculos aprovados nos editais de ocupação artístico-cultural, do projeto Luz da Terra e também do Palco Central.

Noite de Gala – 90 anos do Cine-Theatro Central – Valencianas (Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto)

Dia 30, às 21h, no Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa s/n – Centro)

Entrada franca, mediante sorteio de convites para cadastrados.

Resultado do sorteio para público externo Horário para retirada: sábado, dia 30, de 9h as 12.

Resultado do sorteio relâmpago para público externo (2° lote) Horário para retirada: sábado, dia 30, de 9h as 12.

Resultados dos sorteios para alunos, professores, TAEs e terceirizados da UFJF

Outras informações:

Pró-reitoria de Cultura (32) 2102-3964

Cine-Theatro Central – (32) 3231-4051

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