Ars Nova destaca repertório coral brasileiro em concerto no Festival

Divulgação

Publicado em 18 de julho de 2017

Referência em canto coral no Brasil, o Ars Nova – Coral da UFMG, atração do dia 27 de julho no 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, apresenta em Juiz de Fora parte do novo repertório a que o grupo está se dedicando este ano. O foco são compositores dos séculos XX e XXI, com ênfase no repertório coral brasileiro e na combinação de obras para violão e coral. O programa do concerto na cidade inclui composições de José Maurício Nunes Garcia, numa homenagem aos seus 250 anos de nascimento.

Dividido em três partes, o programa terá início com obras sacras como o moteto Ave Maria do austríaco Franz Biebl (1906-2001) e Ave Maris Stela, do norueguês Trond Kverno (1945). Na segunda parte estão obras corais brasileiras, como Judas Mercattor Pessimus, de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), Duas Lendas Ameríndias em Nheengatu, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) – nos seus 130 anos de nascimento –, Ponto de Oxum e Yemanjá, de Carlos Alberto Pinto da Fonseca (1933-2006), que regeu o Ars Nova por mais de 40 anos e deu ao grupo um reconhecimento internacional, e Sabiá Coração de uma Viola, de Aylton Escobar (1943).

Na terceira e última parte do programa, o Ars Nova convida o violonista mineiro Celso Faria para juntos interpretarem Romancero Gitano, opus 52, de Mario Castelnuevo-Tedesco (1895-1968), um concerto para violão e coro em forma de suíte, em sete movimentos com poemas de Federico Garcia Lorca.

 

Memória musical

Na opinião do maestro Lincoln Andrade, o Festival de Música Antiga e Colonial Brasileira é um marco na busca pela preservação de nossa memória musical. “Talvez seja um dos festivais mais importantes no Brasil atualmente, que oferece a possibilidade de discutir a produção musical brasileira a partir da música colonial, principalmente daquela produzida e descoberta em Minas Gerais”, afirma.

Para ele, a inclusão de grupos como o Ars Nova na agenda de concertos do Festival incentiva a criação de grupos semelhantes e, apesar de o Ars Nova não desenvolver um repertório exclusivo e específico de música antiga e colonial, sua presença no evento “mostra que o festival abre sua área de atuação e sugere que, se existem grupos no Brasil hoje que fazem um repertório como esse, é porque a música brasileira evoluiu a partir de fonte e base bastante sólidas”.

Lincoln Andrade afirma estar muito feliz por essa oportunidade e informa que em 2018 o Ars Nova planeja fazer concertos em cidades mineiras onde haja universidade federal com curso de música e Conservatório Estadual, como é o caso de Juiz de Fora. “Esta ida de agora vai ajudar a estreitar os contatos para possibilitar uma nova ida a Juiz de Fora, em um futuro bem próximo”, prevê.


Ars Nova

Fundado em 1959, o Ars Nova é referência na área de canto coral no Brasil e no exterior. Sob a regência do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca, de 1962 a 2004, o coro conquistou inúmeros prêmios e condecorações em importantes festivais nacionais e internacionais e realizou mais de 1.400 apresentações no Brasil e em outros 17 países. Desde a sua retomada, em 2013, sob a regência da maestrina Iara Fricke Matte, o Ars Nova realizou 96 concertos no Brasil e exterior, alcançando um público de mais de 18 mil pessoas. Destacam-se, ainda, dois prêmios recebidos em 2016: o Troféu JK de Cultura e Desenvolvimento e a conquista do terceiro lugar, na categoria Coro Misto, no 34º Festival Internacional de Música de Cantonigròs, realizado em Vic, Catalunha, Espanha. O Ars Nova – Coral da UFMG tem como regente atual o maestro Lincoln Andrade.

 

28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga – Ars Nova – Coral da UFMG

Dia 27 de julho, às 20h, no Cine-Theatro Central (Praça João Pessoa, s/n – Calçadão da Rua Halfeld, Juiz de Fora, MG)

Entrada franca

* Todos os concertos noturnos serão precedidos de palestras ministradas pelo Prof. Rodolfo Valverde (UFJF), com início às 19h, nos mesmos locais das apresentações.

 

 

Programa

 

Franz Biebl (1906 – 2001)

Ave Maria 1964

Este é um moteto originalmente escrito para vozes masculinas. O austríaco Biebl utilizou o texto da Ave Maria e um trecho do Angelus, a saudação do arcanjo Gabriel a Maria. O próprio compositor escreveu essa versão para coro misto.

 

Trond Kverno (1945)

Ave Maris Stella 1976

O texto de Ave, Estrela do Mar tem a origem e autoria difíceis de precisar, como muitas orações medievais. A liturgia católica saúda Nossa Senhora como “Estrela do Mar”, porque ela é a estrela mais brilhante, a mais alta que guia os navegantes em meio à escuridão. O sueco Trond Kverno escreveu esse moteto para dois coros, masculino e feminino.

 

Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

Duas Lendas Ameríndias em Nheengatu 1958

⦁ Iurupari e o Menino

⦁ Iurupari e o Caçador

Esta é uma obra raramente executada, apesar do idioma do texto ser em Nheengatu, derivado do tupi, tão presente no dia a dia dos brasileiros. Iurupari é uma entidade, comparada ao Saci na mitologia Tupi. É o ser que faz artes, que provoca e que se diverte à custa dos erros humanos. O mundo musical este ano celebra os 130 anos do maestro Villa-Lobos e o Ars Nova presta aqui a sua homenagem.

 

Carlos Alberto Pinto da Fonseca (1933-2006)

Ponto de Oxum-Iemanjá 1965

Esta é uma obra rica pelo aspecto rítmico e inovador: as vozes masculinas imitam o som de tambores, acompanhando uma melodia tradicional da Umbanda. O texto lembra o sincretismo religioso e no início saúda Iemanjá como a Rainha do Mar.

 

Aylton Escobar (1943)

Sabiá Coração de uma Viola 1971

Esta obra foi escrita para ser peça de confronto no II Concurso de Corais Escolares da Guanabara. Ela mistura a canção brasileira com a marcha rancho e apresenta uma série de desafios para o coro que alterna partes rítmicas cantadas, com acompanhamento de palmas sincopadas.

 

Mario Castelnuoco-Tedesco (1895-1968)

Romancero Gitano, para coro e violão, opus 152 1951

⦁ Baladilla de los Tres Ríos

⦁ La Guitarra ⦁ Puñal ⦁ Procesión/Paso/Saeta

⦁ Memento

⦁ Baile

⦁ Crótalo.

Violão: Celso Faria

 

Ars Nova – Coral da UFMG

Regente

Lincoln Andrade

 

Regente Assistente

Riane Menezes

 

Pianista Correpetidor

Robério Molinari

 

Sopranos

Natalie Christine*

Polliana Martins

Luciana Alvarenga

Amanda Moreira

Carolina Claret

 

Tenores

Júlio Chaves*

Lucas Damasceno

Bruno Moreira

Messias de Oliveira

Og Martins

Altos

Lúcia Alves Melo*

Mariana Redd

Sônia Apcon

Sávio Alves

Iolanda Camilo

Luiza Soares

 

Baixos

Giancarlos de Souza *

Vinícius de Abreu

Leandro Tassi

Talles Matos

Samuel Goetz

 

*Chefes de naipe

 

Celso Faria – violão

Nascido em Passos, Minas Gerais, Celso Faria iniciou seus estudos musicais como autodidata, aos dez anos de idade. Em 1994, ingressou no “Curso de Formação Musical” da Escola de Música da UFMG onde, mais tarde, obteve o título de bacharel em violão, sob a orientação do professor Fernando Araújo. É especialista em Música Brasileira – Práticas Interpretativas – pela Universidade do Estado de Minas Gerais e Mestre em Performance Musical pela Universidade Federal de Minas Gerais. Celso estudou também na Fundação de Educação Artística, em Belo Horizonte. Obteve várias premiações em concursos e festivais de violão realizados no Brasil. Com um repertório que se estende desde o período renascentista até o século XXI, Celso Faria tem se apresentado nas mais importantes cidades brasileiras, seja como recitalista de violão solo, integrante em formações camerísticas ou ainda como solista orquestral. Celso gravou diversos programas de rádio e televisão e foi responsável também por várias primeiras audições de obras de compositores brasileiros.

Lincoln Andrade

Lincoln Andrade é natural de Leopoldina, Minas Gerais. Mas foi em Brasília onde começou seus estudos em música e iniciou uma sólida carreira como professor e maestro. Possui doutorado em Regência pela University of Kansas, EUA, mestrado em Regência pela University of Wyoming, EUA, e é licenciado em Música pela Universidade de Brasília. Foi professor e diretor do Centro de Educação Profissional/Escola de Música de Brasília. Foi professor assistente premiado na University of Wyoming, na University of Kansas e na Indiana State University. Foi professor no curso de pós-graduação da Faculdade de Artes do Paraná, em Curitiba. Foi diretor musical do grupo vocal Invoquei o Vocal e regente titular do Madrigal de Brasília e ganhou medalha de prata e medalha de ouro nas categorias Coro Misto e Coro Folclore, no Festival Internacional de Coros de Atenas, na Grécia, em 1994. Foi regente assistente do Coro Jovem Comunitário de Kansas City e maestro do Coro Lírico do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília. Foi também o maestro titular do Coral Brasília e ganhou medalha de ouro no Festival Internacional de Coros em Atenas, Grécia, em 2004. Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, nos Estados Unidos, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal, e Turquia. Foi regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais e regeu concertos como maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e da Orquestra de Câmara Opus. Lincoln Andrade é o produtor musical, apresentador e entrevistador do programa “Conversa de Músico”, produzido e veiculado pela TV Senado. É professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG.

 

Mais informações:

Centro Cultural Pró-Música/UFJF – (32) 3218-0336

Pró-reitoria de Cultura – (32) 2102-3964

http://www.promusicaufjf.com.br/festival/

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