Publicado em 11 de julho de 2017
Crédito: Matheus Medeiros
À frente do palco, uma fechadura e uma chave, como quem diz “pode entrar”. Janelas sem vidros e engrenagens expostas reforçam a ideia de que o que está ali, para ser visto, é bem íntimo. Há, de fato, um convite sendo feito. Na abertura de seu show no último domingo, 9, no Cine-Theatro Central, Sandy oferece ao público a música Meu canto, que dá nome à turnê que tem apresentado desde 2016 por todo o país. Reafirmando o pedido, já dito pelo cenário, diz ela, na música:
Seja bem-vindo
Crédito: Matheus Medeiros
Entre sem bater
Sem julgar, sem tentar entender
Deixa as armas e angústias do lado de fora
Em troca ofereço a música e o agora
Eu lhe dou o meu canto
Nesse canto que é tão meu
Trata-se de um novo momento na carreira da menina, hoje mulher, que cresceu envolta pela música e, com 27 anos de palco, é reconhecida por um grande público. Ao lado de seu irmão, Júnior, arrastou multidões Brasil afora. Após o fim da dupla que moveu toda uma geração, um ato de coragem: o lançamento do álbum Manuscrito, em 2010, em que se apresenta ao público como artista solo.
Crédito: Matheus Medeiros
Após tantos anos de carreira, este parece ser o momento em que a cantora mais se abre ao público, expondo toda a sua essência no showMeu Canto. “Acho que consegui mostrar para as pessoas exatamente o que eu queria, e consigo ser a artista que eu gosto de ser, que eu quero ser e que eu me sinto”, diz Sandy sobre o trabalho que vem apresentando desde 2016, com a turnê.
O show no Cine-Theatro Central contou com a banda e o cenário original do DVD, gravado em 2015, no Teatro Municipal de Niterói. A artista comentou sobre a apresentação em um espaço tão simbólico para Juiz de Fora, que agrega ao show não apenas beleza, mas também energia. “Isso é riqueza de cultura, é muito importante para nós culturalmente falando. Eu me sinto feliz por fazer parte disso, porque é um lugar histórico e, estando aqui, acabo fazendo parte da história desse lugar também e trago essa história para a minha vida”.
Crédito: Matheus Medeiros
Embora os shows da turnê sigam um script pré-definido, nunca uma apresentação será totalmente como a outra. Foram apresentadas canções do álbum Manuscrito e Sim, além de Não dá pra não pensar e Desperdiçou, sucessos da época em que formava dupla com seu irmão, além de All Star, de Nando Reis, e Cantiga por Luciana, uma homenagem a seu avô. Tudo isso já era esperado, e, no entanto, o público presente à apresentação de Sandy em Juiz de Fora contou com uma surpresa pra lá de especial. No meio do show, a cantora convidou ao palco seu pai, o sertanejo Xororó, e juntos cantaram A Lenda, canção marcante da época de Sandy e Júnior, e Evidências, um dos maiores clássicos sertanejos do país, que eternizado na voz da dupla Chitãozinho e Xororó.
O que o público pode esperar de Sandy em seus próximos trabalhos é a fidelidade da artista ao que ela é. “Se eu for descobrindo novas coisas, eu vou dividindo isso com o público também, através do meu trabalho e das minhas músicas, e vou ver o que vem disso. Mas, nesse momento, acho que já experimentei bastante e me sinto satisfeita de ter mostrado o que mostrei até aqui”.
Karoline Discaciati